COMO O PODER DA MENTE PODE INFLUENCIAR A SUA SAÚDE… E A SUA VIDA
Ninguém sabe exatamente o que é ou como comanda o que somos e fazemos – incluindo o funcionamento do corpo. O que a ciência já sabe, porém, é que muitos milagres acontecem por força de se acreditar que tal é possível. Que poder é este que a mente tem?
Foram tempos muito duros para Emília Ramos, de 56 anos. Aos 15, as dores da fibromialgia surgiram para ficar, a parecer que lhe queimavam o corpo com um lança-chamas. Aos 28, um esgotamento com episódios de depressão profunda. Mal dormia noites inteiras, o que estaria a passar-se consigo?
«O meu médico sugeriu que fosse ao psiquiatra, para perceber de onde vinha tanta dor, e eu dizia que não, não ia lá fazer nada, não estava maluca», conta. A tortura perdurou, tal como a sua recusa em aceitar que a doença pudesse estar ligada ao foro psicológico. «Tinha muita vergonha do que pudessem pensar de mim, do rótulo. E depois lá tentei a Clínica da Mente, há quase três anos, e descobri que a nossa cabecinha é, de facto, a coisa mais poderosa que existe.»
Poderosa e capaz de comandar tudo o que somos e fazemos, incluindo o modo como o nosso corpo funciona, sublinha o psicoterapeuta Pedro Brás, diretor-geral da Clínica da Mente. «Muitas doenças físicas que não são causadas por efeitos externos devem-se a disfunções do corpo e podem decorrer de como as instruções mentais estão a ser processadas, consciente ou inconscientemente.»
É assim possível reverter algum mau funcionamento físico alterando a forma de pensarmos e interagirmos com o ambiente que nos rodeia, diz. «Já todos vimos como é fácil parar a dor de uma criança quando a mãe lhe dá um beijinho na ferida, não é?» Além de se saber hoje que 95 por cento das doenças crônicas são motivadas por fatores que envolvem stress sobre o organismo.
«O corpo e a mente coexistem como um todo», diz Gonçalo Pereira, formador em mindfulness. «Ignorar aspetos emocionais e cognitivos afasta-nos das manifestações físicas da nossa experiência.»
«Acreditando que algo nos vai tratar, a nossa mente muda e pode alterar a maneira como o corpo estava a agir em relação à doença física ou mental. Também alguém acreditou que podíamos chegar à lua… e chegámos», observa Pedro Brás, explicando que na clínica os terapeutas vão à origem emocional que causa a perturbação: traçam uma espécie de mapa do comportamento humano, a explicar como e porquê as pessoas pensam e se comportam de determinada forma, e então intervêm para criar profundas alterações nos estados negativos que geram doença, de dentro para fora.
No caso de Emília Ramos, foi decisivo para se curar completamente da depressão, lidar com a fibromialgia – que é crónica, mas deixou de incapacitá-la – e debelar o cancro de mama diagnosticado em outubro.
«Aprendi a ser mais forte do que as dores, o que me ajudou imenso também no processo oncológico», afirma a comercial em cosmética, convicta de que cada um de nós define os seus limites. «Comigo funcionou onde as sobredoses de medicação para a dor crónica falharam. Foi ainda uma espécie de prevenção divina: se não fosse esta reprogramação eu teria descambado com o cancro, quando hoje me sinto cheia de força para vencê-lo.»
Como depreciar o potencial da mente se cirurgiões do Centro Hospitalar Universitário de Tours, em França, já estão a usar técnicas de hipnose nas cirurgias de extração de tumores cerebrais, em vez de anestesia geral? «A mente é uma caixinha de surpresas, faz acontecer. Só temos de deixá-la fluir, como pretendiam alguns sábios orientais que há muito postulam o alcance da focalização mental.»
Que o diga o reputado endocrinologista indiano Deepak Chopra, radicado nos EUA: o funcionamento das nossas células está diretamente ligado aos pensamentos que criamos, sendo constantemente modificado por eles. Alguém que esteja deprimido, por exemplo, projeta tristeza em todo o corpo.
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